Chegam as tardes de estio
e em mim a percepção
do que é o tempo e o sol:
em tudo o que olho, cansaço
e um princípio de velhice;
nas praças, tudo são árvores
cujas sombras esmaecem
e mal protegem os corpos
das ociosas meninas
que descansam no areal.
E eu as olho, temeroso
da triste hora em que o sol
lhes crestará os cabelos.
Eu as olho, e a ternura
é um sentimento cruel
e por isso as tardes cheiram
mal; como se os muitos mares
guardassem sereias mortas
e aos homens, o que se eleva
é um pesado silêncio
e ao odor da maresia
misturam-se tédios, vícios,
crepúsculos venenosos,
e em tudo a corrupção:
no corpo que se deseja,
no espírito que resiste,
no coração que ferido
suja de vermelho o dia.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Bom poema, Daniel, denso e muito seguro. Abraço.
ResponderExcluir