Em março, esta esperança:
que o pétreo dia não calcine
a terra; que ao fim do verão
ascenda o agreste perfume
das raízes que preservam
o orvalho de uma manhã
que sequer ficou inscrita
na vã memória das pedras.
Em março, esta alegria:
ainda quando o calor finda
em longo estio, ventanias
lentas desfraldando abril
e as suas tardes de véus
límpidos. Vem a manhã
e a aurora fenece úmida;
vem a noite e o luar
é o coração renascido
de um deus que o sol não tornou
ruína - deus que palpita
no renovado sabor
das tangerinas de maio:
raiz que do sol bebeu
a luz e apenas a luz;
rubro fruto que na noite
irradia bravia febre
sobre a pele que arde insone.
terça-feira, 13 de março de 2012
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