quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

ainda antigas, antíquissimas garotas

CAROLINA

Acordamos e somos tão frágeis.
Partilhar o mesmo sono, a mesma manhã
é a intimidade mais plena que existe
entre um homem e uma mulher.
Mas não quero que veja o meu rosto, estou feia,
diz ela, e mergulha a face em meus ombros
até quase adormecermos de novo.
Não, você não está feia: o seu rosto ensonado
é como a manhã do mundo.
Ela ri e pela primeira vez permite
que eu veja seus olhos ainda vermelhos de sono.
Depois ri de novo, e tímida diz
agora vou quebrar o encanto
pois tenho fome.
Não, você não quebra o encanto. E saio
para comprar pão e leite na padaria
- isso basta, manteiga já temos -
e ao voltar ouço uma canção alegre
e sei que ela está no banho, onde se perfuma
e se prepara para a tarde de calor.

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