No céu, nenhuma sombra. É o sol
que volta a ser maciço.
Cintila e fere os olhos, embotando-os
e embotando a imagem
que para si cada homem construiu.
As árvores já mortas
e ipês de cores já plenas pontuam
uma única avenida.
Ainda se evapora o último orvalho
e o calor é silêncio.
Trabalho que não cessa, caminhões
que toldam o ar de negro,
o almoço gorduroso feito às pressas
e pesado o torpor.
Não há corpo que não queira dormir.
Raivosa e crua luz meridiana
e o seu coração sujo.
O céu é torvelinho. Lancina a tarde.
Um vento carmesim
torna ásperos suor e epiderme.
Se os dias são poemas
são poemas que integram alfarrábios
que toda a gente leu
sem saber que leu – elegia vinda
dos pianos da infância.
E se os dias são poemas, os versos
ardem como esta luz
trêmula e sôfrega que corta o ar
e que ateia fogo às asas dos pássaros.
Cinzas que toda a gente
respira como se não respirasse.
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Daniel: deixas-me publicar este teu poema nio eu blogue?
ResponderExcluirBeijos amigos, com o desejo de que um dia voltes à lista...
Mas é claro que pode pode postar o poema no blog. Apenas observe que alterei um verso na segunda estrofe. Abraços, Daniel
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