quinta-feira, 25 de junho de 2009

garotas

MÔNICA

Mônica tem só quinze anos
e já sabe escrever poemas.
Vejo-a no primeiro sábado de cada mês
e quando diz os seus versos
percebo-lhe a voz trêmula, o rubor facial
e os seios que parecem dois limões
arfam com brandura.
Leves, os poemas adejam no ar
e tudo - até a cidade vista pela janela -
é uma árvore prestes a florir.

Setembro de 2002

segunda-feira, 22 de junho de 2009

garotas

SOZINHA NUM SALÃO DE BILHAR

Na tarde de domingo vejo uma garota.
É como se o seu rosto emergisse
de uma multidão de rostos opacos.
Luminosa face banhada pelo sol,
nudez de pescoço e de ombros descobertos,
vestido que desenha o perfil dos seios
e um aroma de mulher que se dilui
no cheiro de cigarro, no fumo que se ergue
e enrodilha-se nos cabelos negros
e turva a face iluminada
até surgir um semblante indecifrável.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

enfim, os poemas sobre garotas

TALITA

Talita é a garota que estuda no fim do corredor.
Sobre ela não sei mais nada.
O resto é a perfeição dos olhos castanhos,
dos cabelos loiros, da pele sedosa, dos seios rijos,
da voz que ouço quando o frenesi se acalma
e ela passa, distante como uma musa de Cesário Verde,
e parte não sei para onde;
muito provavelmente para um restaurante ordinário
e depois da refeição vai até o fórum da cidade
e respira o cheiro ranço dos processos
até o sol se pôr e o cansaço aflorar
e corromper todos os nervos de seu corpo.

Setembro de 2002

segunda-feira, 15 de junho de 2009

um antigo poema sobre garotas

SARA

Ela ri e diz está a me encabular,
é errado me deixar assim encabulada
quando estou doente;
a chuva que me apanhou na sexta-feira
deixou-me o corpo todo febril,
amanhã será difícil acordar cedo,
ir para o trabalho e só retornar a casa
quando o sol estiver posto.
Depois espirra, assoa o nariz
e fica toda sem jeito
por se mostrar tão vulnerável.
Tenho vontade de beijá-la, mas nada falo
e apenas a olho demoradamente;
vejo a sua face muito vermelha
e os olhos azuis que encontram os meus
e depois, tímidos,
fixam um ponto no infinito
até me olharem de soslaio
e um novo riso surgir na face febril.
Faça as garotas rir, disseram-me uma vez.
Não é um conselho frívolo este.

Novembro de 2002