domingo, 10 de janeiro de 2010

poema

HÁ MULHERES

Há mulheres que passam
e deixam pétalas sobre os caminhos
que trilhamos juntos.

São estas as mulheres que mais amo
e não vejo como seguir o meu destino
sem antes recolher e guardar
todas as pétalas que ficaram para trás.

Não é um trabalho fácil este;
antes é preciso aprender o desapego,
aprender a não mais querer possuir
aquilo que já nos não pertence.
Não há saudade que não seja fugidia,
não há navio que desapareça no horizonte
e não deixe um rastro de fumaça
que invariavelmente se dilui.

Mas ainda assim amo todas as pétalas
que recolho sobre os caminhos trilhados.
Talvez rosas dos jardins de Adônis
amo-as pois tiveram uma beleza fulgurante
e hoje são desejo sorvido pelo sol,
amo-as pois ao recolhê-las
despeço-me de olhos que já não existem.

"Vê esta rosa de pétalas vermelhas,
esta rosa de pétalas vermelhas é a tua infância.
Esta outra pétala, repara,
é o teu sorriso aos vinte anos.
Tanta coisa eu levo comigo, tanta coisa.
Mais do que teus segredos, levo teus sonhos
e também o que esqueceste de sonhar,
esta rosa de alma pálida,
este vermelho que não conheceu a primavera."

Um comentário: