domingo, 5 de abril de 2009

Poema

Irrompe serena a tarde de maio,
a tarde que nos leva até a praça
onde cada homem canta o seu exílio
e onde pungentes flores são vendidas
numa cidade, uma babilônia
ao mesmo tempo casta e bestial.
Assim permaneço, a contemplá-la
enquanto ela colhe rosas vermelhas
e respira o perfume dos jasmins
como um inaudito sopro de vida –
a centelha do amor que perseguimos
enquanto vem o brando entardecer,
o derradeiro ardor do sol poente
e as sombras adejando sobre a casa,
mas agora a casa está redimida:
há um vaso com lírios e crisântemos
na sala de jantar, o que convém
à imensa fragilidade da carne.

Nenhum comentário:

Postar um comentário