domingo, 22 de novembro de 2009

poema

BREVE PENSAMENTO SOBRE ENVELHECER


Talvez a velhice seja a idade
na qual somem todos os privilégios.
A beleza ainda existe, mas agora
é chaga que se abre no coração –
e o sangue que sai, de um vemelho opaco,
é memória confusa e amedrontada
é o repetir de uma melodia
que a cada hora mais se torna estranha
(como se entoada num dialeto
agora alienígena, mas que antes
vibrou como língua por demais bárbara
ou por demais clara: o verbo antes
da sombra do inexpresso; o amor antes
do medo de nada valer; e a luz
antes de descobrir que é fecundada
por olhos mortais, por corpos exaustos,
por estrela antiga e já agonizante).

5 comentários:

  1. Gostei do, hmm, ritmo... Cadência talvez. Não sei qual o termo correto, mas acho que me fiz entender....

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  2. Daniel

    Sempre tive muita dificuldade com ritmo, enfim, sempre tive muita dificuldade em pensar um poema como uma peça sonora - os decassílabos tem me ajudado um pouco, mas ainda preciso melhorar muito.

    Valeu pela visita

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  3. Gosto do teu fazer poético.Mas isso já sabes de há muito.Este é somente mais um dos teus bons poemas.

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