domingo, 14 de março de 2010

Poema

A CATEDRAL


“Amo a igreja – as imagens de seus querubins, seus
candelabros, suas alfaias de prata, seus
ícones, luminárias, púlpito, amo-os eu.”
Konstantinos Kaváfis

A catedral está fechada, mas olho-a.
Vejo-a como quem vê um mausoléu,
o gelado mármore que sepulta
os demônios de minha mãe.
E assim, soberba e fúnebre, a catedral
fere o coração da cidade.
Todavia acredito piamente
que a catedral seja um refúgio para o homem
e um sepulcro para os seus demônios.
Acredito tão piamente que desejo invadir esta casa
e orar e ajoelhar-me perante um deus
encoberto pelo frenesi dos dias.
Acredito e de súbito vejo os olhos de pietá
a dizer que todos os refúgios são efêmeros.

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