sexta-feira, 26 de março de 2010

Soneto 2

Um corpo caído é o grande exílio
do que ainda viceja. Cinzas, terra –
em tons rubros, a tarde cai e apela
ao que nunca houve, ao mais elíseos


bosques fecundados por olhos vítreos,
à inocência da nódoa na lapela
do traje com o qual o homem ingressa
à hora da qual não sairá: períneo


roído entre vestes roídas, órbitas
vazadas sob um céu vazado, jasmim
como alento último de canções mortas,


e a boca imóvel, pálido carmim,
nada pede, ou chora, ou exorta.
O que está caído alcançou o fim.

Um comentário:

  1. Você continua incrível, Daniel.
    Deixei um poema no Inscrições que me lembrou aqueles do início, no Desaparecido.

    Abraço

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