segunda-feira, 23 de maio de 2011

Para Thaís Emília, Que Ama as Mexericas

                                  Na aurora faz frio
                                                                                                e o abraço de um corpo seria uma vida.
                                                                                                        Cesare Pavese, "O Jantar Triste"


Será um esplendor a aurora
em que Thaís Emília voltar a queimar.
O céu ainda estará gelado. As estrelas
sumindo no arrebol serão cristais de neve
desmanchando-se sobre a cidade
em brisas de neblina e orvalho.
E Thaís Emília, quando o seu corpo
for colhido pelo outro corpo contido
nessa fria aurora, lembrar-se-á
das mexericas que tanto ama
e que tanto a intrigam. Lembrar-se-á
da improvável, da cítrica doçura
propícia ao calor, mas que longe do calor
amadurece – o que é uma alegria
e um mistério; a hora branca
manchada por aromas que da terra
ascendem, que na terra fermentam,
que na terra bebem o sol
mais distante, mais ínfimo.
Será um esplendor a aurora
que desvelar o corpo de Thaís Emília.
A boca e o sexo como nascentes
vermelhas e os seios róseos iguais
às tangerinas do frio, às tangerinas
de cítrica doçura, às tangerinas
cujo sabor e exaltação pedem
o sol e a sua língua de fogo.

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