domingo, 2 de outubro de 2011

Cadernos de Viagem: Ítaca (alterado)

Quando volto a Ítaca
tudo continua,
tudo é nunca mais.

Ítaca: a praia
onde finda a voz
do que fora o exílio.

Ítaca: o sonho
que germina o sangue
e o torna maior.

Ítaca: o amor
e um segredo vil
em mim e Penélope.

Ítaca: a casa
feita com o pó
dos ossos paternos.

Ítaca: o corpo
do filho não nascido
deitado na relva.

Ítaca: os dias
de velhice, sono
e insone memória.

Ítaca: o fim.
Para que o regresso
se tudo é partida?

Oh, Musa, reconta-me,
algo sobre mim
e algo sobre heróis.

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