domingo, 11 de dezembro de 2011

Às Tangerinas

Manuel Bandeira dedicava a sua grande ternura
aos passarinhos mortos
e às meninas bonitas que se tornaram feias mulheres.
Eu oferto a minha ternura às tangerinas.
Este fruto de sabor mais do que ácido: ardente.
Esta fresca acidez feita para um dia de sol
mas que madura no inverno.
Basta dizer tangerinas que sinto uma luz vibrante
a me sair pela garganta.
Fruto que mais desejo quanto mais sede tenho
e o dia é reverberação da luz.
A minha grande ternura às tangerinas
porque me lembram um coração
há pouco ferido e há pouco consagrado
em tardes ungidas de amor.
A minha grande ternura às tangerinas
e a este trêmulo coração que entra na noite
e ainda palpita.

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