domingo, 24 de junho de 2012

Poema Para Depois das Festas Juninas


Ainda perdura o sol no inverno:
brandos véus de luz a vibrar e a entoar
melodia que um claro silêncio margeia.
Ainda nas casas vizinhas um festival
de rumores alegres no domingo:
vozes de crianças que cantam parabéns,
o fraco farfalhar das folhas de bananeiras
e o tíbio, mas nunca opaco,
canto de pássaros ocultos.
Em cadência lenta, o dia evoca
as vésperas das férias.
Ainda ontem havia pipas no céu.
Ainda ontem uma mulher vendia morangos
na praça diante da capela;
os morangos eram vermelhos e túrgidos
e a mulher disse que os colhera
durante o amanhecer.
Ainda na última madrugada o drapejar
das bandeiras de festa junina
após todos irem dormir. 
Escutar este drapejar era 
escutar etéreo pranto enluarado;
como se o luar fosse alma que chorasse
entre a neblina e cada lágrima sua
houvesse se mudado numa destas bandeirinhas
que alvorecem úmidas de orvalho -
leve e breve estandarte de uma festa encerrada.

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